domingo, 30 de janeiro de 2011

Lobisomem e chupa-cabra constam em relatos “científicos” sobre o Brasil do século 17

Muito antes de aterrorizar mocinhas no cinema, a anaconda – ou sucuri gigante da Amazônia – já tirava o sono de vários europeus. Índios canibais sem cabeça e até o chupa-cabra também.

Esses e outros mitos e monstros saíram do Novo Mundo direto para as bibliotecas das metrópoles, em publicações que misturavam ciência, fantasia e ficção.

Para explicar os mistérios dos territórios recém-descobertos – e valorizar ainda mais suas conquistas -, muitos exploradores criavam narrativas que deixariam Darwin de cabelos em pé.

“A realidade dos europeus era completamente diferente. Então, quando eles viam animais, plantas e até pessoas tão incomuns, taxavam-nas de monstros e criavam explicações mirabolantes”, diz Ana Virginia Pinheiro, chefe do departamento de obras raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

Entre 14 de fevereiro e 15 de abril, algumas dessas histórias poderão ser vistas na exposição “Monstros: Memórias da Ciência e da Fantasia”, na sede da instituição.

Os autores eram variados: iam desde cientistas participando de expedições até piratas com pouca instrução, tendo ainda alguns escritores que nunca tinham saído da Europa, apenas ouviram uma lenda e a “recontaram”.

Lobisomem – Alguns dos mitos de origem europeia também marcam presença no acervo, como a história do lobisomem.

Um livreto de 1662, escrito pelo teólogo Gaspar Schott, traz descrições minuciosas sobre a anatomia e, por mais incrível que pareça, atribui um nome científico à criatura: Homo sylvestris. Algo como “homem da floresta”.

Esses relatos, afirma Pinheiro, provavelmente se basearam em um encontro com pessoas que tinham hipertricose – uma doença sem cura que causa o crescimento excessivo de pelos grossos praticamente no corpo inteiro.

Outra anomalia, hoje conhecida como gêmeo parasita (fetus in fetu), também deu origem a um mito bizarro: o homem “grávido”.

Publicações do século 17 relatam alguns desses casos e davam instruções para a cura.

A doença provoca uma espécie de gêmeos siameses ao extremo. Enquanto um dos bebês se desenvolve, o outro cresce atrofiado dentro do corpo do irmão, ficando completamente dependente. Um verdadeiro parasita.

Na maioria dos casos, o feto parasita fica na região abdominal, causando uma espécie de barriga que lembra a de uma mulher grávida.

Alguns dos relatos adotam uma linguagem quase jornalística para narrar a história dos monstros. Um livreto de 1727, do português José Mascarenhas, relata a captura de um “terrível monstro”, que se alimentaria do sangue de pequenos animais.

A lenda, popular entre campesinos do México, ganhou força e se espalhou para os Estados Unidos, República Dominicana e até o Brasil. O bicho era o precursor do nosso chupa-cabra. (Fonte: Giuliana Miranda/ Folha.com)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Desfazendo o mito da "Amazônia Pulmão do Mundo"


É recorrente ouvir falar que a Amazônia é o pulmão do mundo o que acaba sendo um grande erro. Embora tantas vezes desmentido. A falácia de que a Amazônia é o "pulmão do mundo" começou há cerca de 20 anos, quando um repórter americano ao transcrever a entrevista do biólogo alemão, Harald Sioli, trocou a fórmula do dióxido de carbono (CO2) pela de oxigênio (O2). O que biólogo disse é que a floresta Amazônica continha grande quantidade de dióxido de carbono. O erro foi difundido na revista Realidade em 1971, em uma edição especial da revista sobre a Amazônia. Na verdade a floresta funciona como um filtro transformando o gás carbônico em oxigênio. A floresta produz oxigênio, mas também consome oxigênio, ou seja, como é uma floresta madura, todo o oxigênio que produz é absorvido pela própria floresta durante a noite, por outro lado, ela tem um grande papel regulador do clima de todo o mundo.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Conservação Internacional lança publicação que coloca em xeque a necessidade da construção de Belo Monte

Na iminência da concessão da licença ambiental pelo Ibama da usina de Belo Monte, a Conservação Internacional lança a publicação eletrônica Política Ambiental: A usina de Belo Monte em pauta, na qual jornalistas brasileiros experientes, que atuam em diferentes regiões, entrevistam Philip Fearnside, pesquisador-titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O objetivo da publicação é elucidar os leitores, com base nas perguntas dos jornalistas que refletem os questionamentos de toda a sociedade brasileira, sobre o contexto, as implicações e as controvérsias em torno da construção da usina de Belo Monte, sob os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Para entrevistar Fearnside, a Conservação Internacional convidou os jornalistas André Trigueiro, da Globo News; Bettina Barros, do jornal Valor Econômico; Herton Escobar, do Estado de S. Paulo; Verena Glass, da ONG Repórter Brasil; Manuel Dutra, professor de jornalismo da Universidade Federal do Pará e da Universidade da Amazônia; Ana Ligia Scachetti, diretora de comunicação da Fundação SOS Mata Atlântica; e Hebert Regis de Oliveira, coordenador de comunicação do Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia (Bioeste).

‘Mentira institucionalizada’ – A argumentação científica sólida de Fearnside, um dos cinco pesquisadores brasileiros da área ambiental mais citados internacionalmente e integrante do painel de especialistas que analisou o EIA-Rima de Belo Monte, deixa claro que o projeto analisado pelo Ibama é economicamente inviável.

“O projeto oficial – no qual haverá a construção de apenas uma barragem – mostrou-se totalmente inviável economicamente pela análise detalhada feita pela ONG Conservação Estratégica (CSF, da sigla em inglês). Ou seja, a afirmação de que não serão construídas outras barragens a montante de Belo Monte é uma mentira institucionalizada. A lógica leva à construção de barragens rio acima, começando com a Babaquara/Altamira, que ocuparia 6.140 km2, sendo grande parte em terra indígena”.

Assim como aponta Fearnside na entrevista, a Conservação Internacional (CI-Brasil) acredita que o EIA-Rima realizado pelo Ibama não reflete a realidade dos impactos biológicos e sociais que acontecerão com a construção da usina. A CI-Brasil acredita que o projeto apresentado à sociedade neste momento, além de omitir as barragens a montante que deverão ser necessárias para dar viabilidade econômica à obra, não prevê os impactos da redução dos níveis da água do rio Xingu e do rebaixamento do lençol freático, que podem causar extinção local de espécies, destruição da floresta aluvial e, principalmente, provocar a escassez de pesca, a principal fonte de alimentos para a população indígena da bacia do Xingu, ameaçando a sua sobrevivência.

“A obra terá impactos em um raio de 3 mil km de distância da usina, colocando em risco a segurança alimentar das populações indígenas, o que pode provocar a perda da grande diversidade cultural existente na bacia do Xingu, onde vivem 20 mil índios de 28 etnias que serão direta ou indiretamente afetados”, afirma Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da CI-Brasil.Outros problemas apontados pela Conservação Internacional e por Fearnside são a pouca credibilidade do processo de consultas públicas e de licenciamento da usina, já que todo o corpo técnico do Ibama se posicionou contra a licença. Além disso, a usina alagará cerca de 50% da área urbana de Altamira e mais de mil imóveis rurais de três municípios, num total de 100 mil hectares, sendo que de 20 a 40 mil pessoas serão desalojadas pela obra.

Em Política Ambiental – A usina de Belo Monte em pauta, Fearnside cita uma série de alternativas que poderiam garantir a segurança energética do Brasil para os próximos anos sem a necessidade da construção de Belo Monte. Dentre elas, ele aponta os investimentos em eficiência energética e em fontes limpas de energia, como a solar e a eólica, além de pequenas usinas hidrelétricas como forma de evitar grandes impactos em áreas que, sob os aspectos sociais e ambientais, são inapropriadas para empreendimentos deste porte. (Fonte: Conservação Internacional)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Viagem Filosófica à Amazônia







Acima estão algumas gravuras que fazem parte do acervo da Viagem Filosófica à Amazônia, realizada por Alexandre Rodrigues Ferreira, entre 1783 e 1792. O baiano Alexandre era botânico, zoólogo, sociógrafo, geógrafo e historiador. Está expedição científica portuguesa foi considerada muito importante pois produziu um rico acervo, composto de diários, mapas populacionais e agrícolas, além do valor antropológico. Fizeram parte da expedição os ilustradores José Joaquim Freire e Joaquim José Codina.