"A felicidade da abelha e a do golfinho é existir. A do homem é descobrir isso e maravilhar-se por eles"
Quanto mais lembro meu pai, Jacques Cousteau, e seu legado, mas conta me dou de que ele segue sendo parte de nossa época e de como as coisas poderiam ser diferentes se o tivéssemos escutado com mais atenção. Foi um pioneiro que jogou abaixo barreiras com seus inventos, como o aqualung e as câmaras subaquáticas, mas também um visionário no sentido de que compreendeu as conseqüências das tendências que foi testemunha. Previo os riscos da tecnologia nuclear e seus resíduos; profetizou as devastadoras conseqüências da pesca abusiva, da superexploração do habitat e das mudanças climáticas; falou sitematicamente do crescimento da população e das tensões do sistema natural.
Jacques Cousteau, junto com meu irmão e comigo mesmo, fundou uma das primeiras organizações ecologistas para nos fazer conhecer os problemas que íamos encontrando e para educar a opinião publica internacional. Escreveu para as Nações Unidas o rascunho dos “Direitos das Gerações Futuras” como meio para expressar o princípio da sustentabilidade e da gestão responsável dos recursos. Constantemente colocou seu brilhante intelecto a serviço de soluções globais. Nunca deixou de fazê-lo até que, por dizer com suas próprias palavras, ficou “desconectado”
Exerceu outro poder que é pouco freqüente: de uma maneira poética, deu sentido ao incompreensível e proporcionou a cada um de nos uma forma de observar o mundo e que a ação era possível. Por exemplo, em uma beira isolada do Amazonas, justo quando acabávamos de soltar uma lontra a que havíamos chamado Cacha, meu pai se voltou para mim e inundado pela emoção me disse “Jean-Michel, a gente pretege o que ama”. Isso representa para mim o lema do trabalho do meu pai e um símbolo do compromisso que todos nos devemos assumir com o mundo que nos rodeia.
Li este texto no Jornal El mundo, em homenagem ao centenário do oceanógrafo Jacques Cousteau, como estava em espanhol resolvi traduzi-lo por isso me desculpem alguma falha ainda não sou expert no assunto. Este texto é uma carta escrita por Jean-Michel Costeau para seu pai.
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