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terça-feira, 30 de março de 2010

Os Estatutos do Homem - Thiago de Mello


Artigo I

Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Thiago de Mello

Hoje, 30 de Março, o poeta Amadeu Thiago de Mello está completando 84 anos de vida. Nascido em 1926, no Estado do Amazonas, é um dos principais nomes da poesia que representa a Amazônia. Entre seus livros de poesia estão: Silêncio e Palavra, A Lenda da Rosa, Vento Geral, Faz Escuro mas eu Canto, Mormaço da Floresta e Os Estatutos do Homem.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Aos namorados do rio

Recebi este este poema do meu amigo Montezuma Cruz da Agência Amazônia de Notícias ele retrata bem a beleza do pôr do Sol no rio Madeira em Porto Velho - Rondônia. Por outro lado também nos leva a refletir o processo de degradação que a Amazônia vem sofrendo. Compartilho com vocês.


O sol de Porto Velho
Do outro lado do rio
É vermelho e grande
Longínquo
No infinito opaco
Da fumaça que se levanta
Na terra queimada
Pela ganância
De quem, enriquecendo
A empobrece

O sol de Porto Velho
É uma prece
E quando pára
No oceano de névoa
Do ocaso, impasse
Estático de tempo
No espaço
Parece que não desce
Quer ficar na terra

O escarlate sol de Porto Velho
De todo fim de tarde
Quando pára
É porque espera
Um carinho, um aceno
Calado do apito do trem
Que nunca vem

O sol de Porto Velho
Fica noite adentro
Espanta-se com a mudança
Das pessoas
Que perderam
O hábito de admirá-lo
E à mata

Não concebe o que fazem
À floresta
A cada dia, semana
Mês ou ano que se passa
E a vontade que tem
É de afastar-se para longe
Das serras e machados

O lindo sol escarlate
Que no fim de tarde
Paira do outro lado do rio
Enfeitado de barcos, balsas
E madeiras flutuantes
É quem faz crescer a selva
Sua amada

Através da bruma seca
Olha à cidade
De esguelha
E num apelo triste
Pede às migalhas
Da espécie humana,
Homens e mulheres
Que se comportem
E não matem
Nem desmatem
A alma viva
Da paisagem
Não a transformem
Em natureza morta

O sol de Porto Velho
Do outro lado do rio
Imenso, parado
Olha nos olhos a alma
E as verdades
De cada um
Que as águas do Madeira
Levam para lavá-las
E perdê-las no mar azul

Aproveitem hoje
E ao pôr-se o sol em Porto Velho
Lembrem-se de que
Igual não há
No mundo

Talvani Guedes da Fonseca

O autor é jornalista e atualmente mora em Natal (RN), sua terra. Foi um dos primeiros repórteres e redatores da revista "Veja" (em São Paulo). Chefiou a sucursal do Recife. Foi repórter especial do Jornal do Brasil. Também chefiou a sucursal da extinta Empresa Brasileira de Notícias em Porto Velho.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sociedad de Los Poetas Muertos


No dejes que termine el día sin haber crecido un poco
sin haber sido feliz, sin haber aumentado tus sueños

No te dejes vencer por el desaliento
No permitas que nadie te quite el derecho a expresarte
que es casi un deber

No abandones las ansias
de hacer de tu vida algo extraordinario
No dejes de creer que las palabras y las poesías
sí pueden cambiar el mundo

Pase lo que pase nuestra esencia está intacta
Somos seres llenos de pasión

La vida es desierto y es oasis
Nos derriba, nos lastima, nos enseña
nos convierte en protagonistas
de nuestra propia historia

Aunque el viento sople en contra
la poderosa obra continúa:
Tú puedes aportar una estrofa

No dejes nunca de soñar
porque sólo en sueños puede ser libre el Hombre
No caigas en el peor de los errores:
el silencio

La mayoría vive en un silencio espantoso
No te resignes
Huye

"Emito mis alaridos por los techos de este mundo"
dice el poeta
Valora la belleza de las cosas simples
Se puede hacer bella poesía sobre pequeñas cosas

No traiciones tus creencias
porque no podemos remar en contra
de nosotros mismos:
Eso transforma la vida en un infierno.

Disfruta del pánico que te provoca
tener la vida por delante
Vívela intensamente
sin mediocridad

Piensa que en ti está el futuro
y encara la tarea
con orgullo y sin miedo

Aprende de quienes puedan enseñarte
Las experiencias de quienes nos precedieron
de nuestros "Poetas Muertos"
te ayudan a caminar por la vida

La sociedad de hoy somos nosotros:
Los "Poetas Vivos"
No permitas que la
vida te pase a ti sin que la vivas


Walt Whitman

O poeta norte-americano Walt Whitman (1819-1892) ficou conhecido mundialmente desde que suas citações foram inseridas no filme Sociedade dos Poetas Mortos. Filme este que ensina cada pessoa a seguir seus próprios sonhos. A viver vidas extraordinárias. "Carpe Diem" à todos ! aproveitem o dia ou seja aproveitem suas vidas. O poema em espanhol é muito lindo.