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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Amazônia morre e os jornais não veem

Compartilho com vocês um excelente texto do jornalista Leão Serva publicada no Observatório da Imprensa no dia 27/12/2011 na edição 674.

Dados preliminares sobre o desmatamento foram vistos como “boa notícia”, mas só mostram que o tumor causou a amputação de parte menor. A Amazônia tem câncer e a opinião pública brasileira não sabe por que a imprensa está míope. Nos últimos dias, dados preliminares de desmatamento da região foram anunciados como “boa notícia” ao mostrar que a destruição reduziu velocidade, quando apenas querem dizer (se comprovados) que o tumor causou a amputação de parte menor do corpo.

Enquanto governo e imprensa fazem festa, o paciente morre. Procedimentos essenciais do jornalismo determinam a desinformação sobre o desaparecimento da maior floresta do mundo. Um exemplo: no dia 16/10, a Folha deu manchete para um inédito levantamento de todas as obras de infraestrutura do PAC para a Amazônia. A reportagem saiu em “Mercado” e pela primeira vez foi possível ver que está em curso uma série de obras com dinheiro da União que, tantas sendo, não podem ser benignas numa floresta atacada há 40 anos. Mas, como o jornal é dividido em editorias e as notícias devem se submeter a elas, a mesma edição do jornal revelava na editoria “Ciência”, páginas distante, que o “país faz mais obras mas diminui gasto com conservação”.

A separação das notícias tira do leitor a capacidade de entender fatos complexos, como o atual processo de destruição da Amazônia. O fracionamento faz com que a tramitação do Código Florestal no Congresso seja tratada em páginas de política; obras de infraestrutura na Amazônia, em economia; o ritmo da devastação florestal, em ciência; as mudanças dramáticas no clima amazônico, em meteorologia.

Estabilizar o desmatamento

O ineditismo do levantamento da Folha é prova de omissão frequente da nossa imprensa: não ligar notícias de um dia com o passado. No caso das obras na Amazônia, os jornais nunca somam o impacto de obras já inauguradas com as que são anunciadas. O governo se aproveita da miopia: jamais anuncia dois projetos ao mesmo tempo, diluindo o impacto de cada um. O próprio índice percentual de destruição total da floresta (estimado pelo Inpe pela análise de fotos de satélites do programa Prodes) é tema de confusão. O órgão divulga a cada ano quatro levantamentos de satélites diferentes, com dados às vezes contraditórios. Neste ano, os alertas de incêndio e desmatamento dos programas Deter e Degrad indicaram um aumento da degradação, mas os dados preliminares de desmatamento total revelam redução da velocidade de destruição.

Dois defeitos se repetem anualmente na divulgação dos dados do Inpe: (a) ao divulgar percentuais, o instituto esconde a soma dos valores absolutos de desmatamento já acumulado; (b) o noticiário não junta os dados dos programas que medem destruição total (Prodes) e degradação grave (Deter e Degrad), que poderiam revelar à opinião pública o ritmo assombroso da destruição da Amazônia. Quanto ao primeiro defeito: segundo o Inpe, o desmatamento acumulado das áreas ocupadas por floresta em 1988 é de 18% (ou seja, quase 1/5 da maior floresta do mundo sumiu em 23 anos)! A segunda questão é mais dramática: a cada hectare inteiramente desmatado, outro sofre degradação irreversível.

Ou seja, em 23 anos, o processo de destruição da floresta (desmatamento total e degradação grave) já amputou cerca de 35% da floresta, aproximando-se da previsão, que parecia apocalíptica nos anos 1980, de que a floresta amazônica poderia desaparecer em 50 anos.

A confusão de índices de desmatamento é semelhante à cobertura da inflação anos atrás: em 1989, uma redução da alta de preços de 80% para 20% seria notícia boa se o índice tendesse a zero, o que se deu com o Plano Real, em 1994. Já a destruição da Amazônia não tem Plano Real à vista: o governo federal quer estabilizar o desmatamento em 5 mil km²/ano, área de três cidades de São Paulo.

Assim, de “boa notícia” em “boa notícia”, a floresta morre.

domingo, 4 de outubro de 2009

Fotojornalismo - uma outra maneira de ver a notícia










O fotojornalismo é hoje um dos elementos essenciais da comunicação. Citando a famosa frase de Kurt Tucholsky uma imagem diz mais que mil palavras. Fotojornalismo de acordo com Lorenzo Vilches se trata de uma atividade artística e informativa, de crônica social e memória histórica. Além de informação visual Nilton Hernandes no livro A mídia e seus truques reafirma que uma fotografia deve ser uma das principais iscas para o olhar em uma página, ou seja, uma das importantes armas na estratégia de arrebatamento e de sustentação. Com suas cores, contrates, ocupação espacial, a foto precisa atrair a atenção do leitor para a unidade noticiosa da qual faz parte. O olhar deve ser fisgado. A evolução dos aparelhos fotografícos no início do século XX, acelerou o desenvolvimento do fotojornalismo. É inegável que a fotografia nos levar a ver o invisível através do visível como diz Gregório Magno. Um fotojornalista ou repórter fotográfico necessita de alguns requisitos:
  • Conhecimento profundo da situação política, social e cultural de seu país;
  • Compromisso com o seu trabalho social;
  • Sensibilidade. Aberto a tudo os que os rodeia;
  • Tecnicamente hábil.
  • Humano para entender a realidade.
As fotos acima pertencem a Wold Press Photos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A alma encantadora das ruas - leitura indispensável para jornalistas


"Oh sim!, as ruas têm almas. Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleéneticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes (...)"
"Não vos lembrais da rua do Sacramento, da rua dos penhores? Uma aragem fina e suave encantava sempre o ar. Defronte à igreja, casas velhas guardavam pessoas tradicionais. No tesouro, por entre as grades de ferro, uma ou outra cara desocupada. Era ali que se empenhavam jóias, que pobres entes angustiados iam levar os derradeiros valores com a alma estrangulada de soluços (...)"
"A alma da rua só é inteiramente sensível a horas tardias. Há trechos em que a gente passa como se fosse empurrada, perseguida, corrida - são as ruas em que os passos reboam, repercutem, parecem crescer, clamam, ecoam e, em breve, são outros tantos passos ao nosso encalço. (...)"

As frases acima pertencem ao livro A alma encantadora das ruas do autor João do Rio, pseudônimo do jornalista, cronista, tradutor, escritor e teatrólogo carioca João Paulo Emílio Cristovão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921). O livro de crônicas A alma encantadora das ruas é uma obra essencial da literatura brasileira e também para leitura de quem pretende seguir a carreira de repórter. Referência para formação do jornalista. O estilo do livro se baseia na observação, descrição e na narração das ruas e da sociedade moderna do Rio de Janeiro. Elementos esses que tendem a enriquecer e humanizar os textos jornalísticos. Fidel Chávez Perez no livro Redaccion Avanzada diz que a observação é uma faculdade que a maioria das pessoas possuem, mas desafortunadamente não a desenvolvem porque no geral nos acostumamos a ver, a olhar, mas nem sempre a observar, a captar, mediante análise minuciosa, o maior número de detalhes de que se observa seja de um objeto, ou um acontecimento. Este célebre livro escrito em 1908 é uma leitura muito agradável e para que quiser ler a obra pode baixar aqui.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Estruturas de artigos jornalísticos


Há varias maneiras de se iniciar um artigo.

→ Não muito diferentemente da NOTÍCIA pode-se começar com o sujeito da ação e depois os seus desdobramentos por ex: “O presidente Luis Inácio Lula da Silva acertou no diagnóstico, mas errou no timing...”.

→ Outra forma bastante usual e a seqüência de fatos, que marcam outro, por ex: A liberalização do comércio agrícola, a defesa do álcool feito de cana contra críticas generalizadas do biocombustível, a emergência do Brasil e outros países em desenvolvimento..., foi um sobrevôo pelos tópicos que têm dominado a agenda da política externa brasileira...”.

→ Podemos ainda começar um artigo mostrando os resultados bons ou ruins de um determinado fato.

→ Ao longo do artigo é importante mostrar evidências para reforçar as argumentações: fatos, exemplos, ilustrações, dados estatísticos, testemunhos.

→ É importante também fazer um PLANEJAMENTO mental do texto antes de iniciá-lo isto pode ajudar muito no resultado final.

→ O título para o gênero de opinião tem a função eminentemente argumentativa e orientadora. O titulo tem que ser expressivo. Portanto use frases curtas ou palavras soltas muito chamativas que desperte a imaginação do leitor.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Dica: Curso online de Jornalismo científico

Este site WFSJ (Federação Mundial dos Jornalistas Científicos) e a Rede de Ciência e Desenvolvimento está oferecendo um curso Online de jornalismo científico para jornalistas, estudantes de jornalismo e professores. O curso é importante porque ajuda o profissional da imprensa a escrever, pensar e entender um pouco mais de ciência.

domingo, 26 de julho de 2009

As utopias do jornalismo

De acordo com o jornalista Juan Cruz o jornalismo como a saúde, como a vida se exerce buscando a excelência e a excelência segundo ele é uma utopia. Para reforçar sua idéia recorre ao escritor Luís Cebrián que publicou o livro Galáxia Gutemberg-circulos de Lectores. Neste livro Cebrián reúne uma lista de nove pontos elaborados há vários anos pelos jornalistas norte-americanos Bill Kovach y Tom Rosenstiel. São eles.

1. A primeira obrigação do jornalismo e com a verdade.
2. Sua primeira lealdade é fazer cidadãos
3. Sua essência e a disciplina da verificação
4. Seus profissionais devem ser independentes dos fatos e pessoas sobre que informa
5. Deve servir como um vigilante independente do poder
6. Deve outorgar tribuna às críticas públicas e ao compromisso
7. Há de esforçar-se em fazer do importante algo interessante e oportuno
8. Deve seguir as notícias de forma exaustiva e proporcionada
9. Seus profissionais devem ter direitos e seguir o que dita sua consciência

Considerando utopia a priori como idéia impraticável, fantasia, podemos concluir que estes ideais estão longes de serem atingidos por diferentes causas. Entre elas ainda está à censura. Na minha pesquisa “Entre a repressão e a resistência – memória dos jornalistas que trabalharam na imprensa de Porto Velho na década de 1970“ conclui que ainda hoje ainda está perdurando nas redações duas formas sutis de censura são elas a censura econômica que é a concessão ou retirada de publicidade oficial dos veículos, ou seja, nenhuma notícia que seja prejudicial ao patrocinador será veiculada.
O governo é um dos principais clientes desses veículos. Desta forma saí apenas notícias convenientes ao governo. A outra e a censura empresarial, ou também podemos chamar de “linha editorial” está por sua vez filtra os temas e os assuntos que são pertinentes à empresa, jornal. Assuntos de interesse público podem ficar de fora se não forem do interesse da empresa.
Outro fator que agrava mas a busca destes ideais e que também grande parte dos meios de comunicação estão nas mãos de grupos políticos que acabam cerceando a informação e por sua vez utilizando os veículos ao seu bel prazer. Se nunca chegaremos a atingir tais metas ao menos devemos chegar próximo e assim conseguir um jornalismo mais justo e ético, por mais enclaves que possa existir.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

FENAJ lança campanha contra a decisão do STF

Aderi a campanha que está sendo realizada pela FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas contra a decisão do STF - Supremo Tribunal Federal de aboli a obrigatoriedade do diploma para o exercicio da profissão de jornalista. Uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), já está sendo feita pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) para restabelecer a obrigatoriedade do uso do diploma para o ofício da profissão.

domingo, 21 de junho de 2009

O retrocesso no Jornalismo brasileiro



O diploma de Jornalismo não é mais obrigatório para o exercício da profissão no país é o que ficou decidido nesta quarta feira, 17 de junho pelo Supremo Tribunal Federal tendo como relator o ministro Gilmar Mendes. De acordo com o Supremo a exigência do diploma para a prática da profissão é incompativel com a constituição. A partir de agora o que entra em vigor e a autorregulação dos meios ou seja os próprios meios de comunicação devem definir seus controles.
É importante frisar neste momento que está decisão foi um desrespeito a todas os profissionais diplomados da área ou ainda os que estão se formando, o jornalismo não diferente de outras profissões tem sim que exigir dos profissionais a graduação. Se o nível do jornalismo não está bom no Brasil a situação agora tende a piorar. O papel do jornalista na sociedade é crucial. Levar a notícia a sociedade exige conhecimento. Conhecimento este que só a formação é capaz de oferecer. É de lamentar tal decisão e esperar pelos próximos capítulos.