sábado, 19 de novembro de 2011

Quase metade da população da Amazônia está abaixo dos níveis de pobreza

A Pan-Amazônica, onde vivem 34,1 milhões de pessoas (10% da população da América do Sul), está abaixo de níveis de pobreza.

A conclusão é de um estudo do ARA (Articulação Regional da Amazônia) lançado na terça-feira à noite em Belém, no Pará, durante o Fórum Amazônia Sustentável.

O trabalho reúne dados sobre mortalidade, analfabetismo, desmatamento e outros nos nove países da Pan-Amazônia --Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

A situação é mais crítica na Bolívia, onde 60% da população que habita a Amazônia daquele país vive com menos de 0,75 dólar por dia.

Se esse país considerasse a metodologia da ONU para medir a pobreza extrema, que é de US$ 1 diário, a porcentagem seria ainda maior.

"A região amazônica é sempre a mais pobre em todos os países da Pan-Amazônica", disse à Folha Adalberto Veríssimo, pesquisador da ONG Imazon e coordenador da coleta de dados no Brasil.

Para Veríssimo, esse tipo de mapeamento "sem fronteiras" é importante porque a preservação da floresta deve ser feita em conjunto.

"Isso está cada vez mais claro. Não adianta o Brasil preservar o rio Amazonas se a nascente fica no Peru."

O Brasil hoje responde por cerca de 72% das taxas anuais de desmate da floresta, seguido pela Venezuela (12,5%) e pelo Peru (6,5%).

Mas, de acordo com Veríssimo, há um problema generalizado na coleta de dados da região amazônica. A Bolívia, por exemplo, só faz levantamento de desmatamento a cada dez anos.

"Nós avançamos no monitoramento do desmatamento, inclusive por monitoramento paralelo [ao do governo], por pressão social", destacou Marina Silva, que também participou do Fórum.

LONGE DAS METAS

De acordo com o estudo, os países amazônicos estão longe de atingir os Objetivos do Milênio, estabelecidos pela ONU em 2000 e assinado por 191 países --incluindo todos que integram a Pan-Amazônia.

A mortalidade infantil, por exemplo, caiu nos países amazônicos, mas não o suficiente para ser reduzida em dois terços até 2015, como quer a ONU.

Nesse quesito, a Bolívia novamente tem a pior taxa: são 73 mortos antes dos cinco anos a cada mil nascidos vivos --índice acima das regiões mais pobres do mundo. O Brasil tem 27 mortos em mil.

A Bolívia também tem os piores índices de educação. Atualmente, 17% da população boliviana amazônica é analfabeta. A Unesco estabelece 5% como um valor crítico. A taxa do Brasil é de 11% na região. Fonte: Sabine Righetti, Folha.com

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