segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amazônia perde 29 áreas protegidas entre 2008 e 2009

Por pressão de madeireiros, fazendeiros, mineradores ou do próprio governo, 29 áreas protegidas na Amazônia foram reduzidas ou extintas entre 2008 e 2009.

O total de florestas perdidas no processo foi de 49 mil km2, quase um Rio Grande do Norte. As reduções ocorreram sem consultas públicas ou estudos técnicos, como manda a lei.

Os dados são de um estudo inédito do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), a ser publicado amanhã na internet (www.imazon.org.br).

Os pesquisadores Elis Araújo e Paulo Barreto levantaram 37 iniciativas entre novembro de 2008 a novembro de 2009 para reduzir 48 unidades de conservação ou terras indígenas na Amazônia.

Até julho deste ano, 23 propostas haviam sido concluídas --93% delas resultaram em perda de área na unidade de conservação.

O Estado de Rondônia, o mais desmatado da Amazônia, é o campeão: reduziu duas unidades de conservação estaduais e extinguiu dez, além de ter negociado com o governo a redução da Floresta Nacional Bom Futuro, unidade federal.

"Como eles perderam um terço da cobertura florestal, o que sobrou são áreas protegidas", diz Araújo. "A indústria madeireira lá ainda é forte. As unidades de conservação sofrem muita pressão."

O instrumento usado pelo governo do Estado para acabar com as áreas protegidas foi próprio zoneamento ecológico-econômico do Estado, lei que disciplina a ocupação das terras. As unidades de conservação nas zonas de intensificação da produção foram consideradas extintas.

A Folha procurou a secretaria do Meio Ambiente de Rondônia por toda a sexta-feira, mas não foi atendida.

Outro caso foi o do Parque Estadual do Xingu, em Mato Grosso. Ele foi reduzido com o apoio da população de Vitória do Xingu para dar lugar a um empreendimento agropecuário, que não veio.

"E a cidade ainda perdeu o repasse do Arpa [programa federal que dá dinheiro a regiões com unidades de conservação]", diz Araújo. Fonte: Folha Online

Um comentário:

  1. Como falar em 'crimes ambientais', se na maioria dos casos citados foi a própria Justiça ou o Legislativo que reduziram ou extinguiram áreas, para garantir a posse de antigos proprietários ou para realização de obras de infraestrutura consideradas necessárias? Estamos na ética da 'natureza intocada'? É possível viver sem interferir com a natureza e sem admitir que nós próprios fazemos parte dela?
    Um blog pressupõe computadores, energia elétrica, leitores que também precisam do mesmo e de se deslocar, etc. Até mesmo um tomógrafo precisa de energia ... e uma ambulância precisa de estradas.

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