segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A alma encantadora das ruas - leitura indispensável para jornalistas


"Oh sim!, as ruas têm almas. Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleéneticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes (...)"
"Não vos lembrais da rua do Sacramento, da rua dos penhores? Uma aragem fina e suave encantava sempre o ar. Defronte à igreja, casas velhas guardavam pessoas tradicionais. No tesouro, por entre as grades de ferro, uma ou outra cara desocupada. Era ali que se empenhavam jóias, que pobres entes angustiados iam levar os derradeiros valores com a alma estrangulada de soluços (...)"
"A alma da rua só é inteiramente sensível a horas tardias. Há trechos em que a gente passa como se fosse empurrada, perseguida, corrida - são as ruas em que os passos reboam, repercutem, parecem crescer, clamam, ecoam e, em breve, são outros tantos passos ao nosso encalço. (...)"

As frases acima pertencem ao livro A alma encantadora das ruas do autor João do Rio, pseudônimo do jornalista, cronista, tradutor, escritor e teatrólogo carioca João Paulo Emílio Cristovão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921). O livro de crônicas A alma encantadora das ruas é uma obra essencial da literatura brasileira e também para leitura de quem pretende seguir a carreira de repórter. Referência para formação do jornalista. O estilo do livro se baseia na observação, descrição e na narração das ruas e da sociedade moderna do Rio de Janeiro. Elementos esses que tendem a enriquecer e humanizar os textos jornalísticos. Fidel Chávez Perez no livro Redaccion Avanzada diz que a observação é uma faculdade que a maioria das pessoas possuem, mas desafortunadamente não a desenvolvem porque no geral nos acostumamos a ver, a olhar, mas nem sempre a observar, a captar, mediante análise minuciosa, o maior número de detalhes de que se observa seja de um objeto, ou um acontecimento. Este célebre livro escrito em 1908 é uma leitura muito agradável e para que quiser ler a obra pode baixar aqui.

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